Grande parte da população medieva vivia no limiar da pobreza. Bastava um mau ano
agrícola, a passagem de um grupo armado destruindo culturas, roubando gados, aprisionando homens, uma qualquer epidemia e logo engrossava o rol dos pobres e carenciados.
A Idade Média foi, também, por toda a cristandade, uma época de intensa caridade, baseada e impulsionada pelos preceitos evangélicos. Movimento caritativo e assistencial,
estimulado pelo ideal de caridade e pobreza, aliado à sentida necessidade de garantir a
salvação e enfrentar o dia do Juízo. No território que hoje é Portugal, especialmente nas
zonas de maior densidade demográfica, mosteiros, igrejas, grandes senhores e particulares,
fundaram diversas instituições para albergar e cuidar de pobres, enfermos, crianças
abandonadas, viajantes e peregrinos. O movimento caritativo e assistencial acompanhou
os primeiros povoadores da Beira Interior. Enquanto arroteavam campos, construíam casas
e igrejas, estes fundaram e organizaram algumas instituições de caridade e assistência
de que os documentos nos dão um pálido eco.